Exemplo arrasta manada. Índole arrasta cidadania.

“Exemplo arrasta”. Clichê, não? Demais! Isso, porque a frase “traz consigo a própria essência”: o que querem ouvir ou ler.

É certo que nos moldes pré-formatados do capitalismo tal qual se conhece hoje é de extrema importância para sua sustentabilidade que “exemplos” ou “modelos” e homens, mulheres, gestores, operadores, executores; enfim, modelos de qualquer componente social sejam criados e tidos como o que se precisa seguir. Eis a geração institucionalizada da criação do efeito manada, a qual conduz a maioria a cumprir rigorosamente um caminho que, teoricamente, a levará ao mesmo destino do “exemplo arrastador”.

A ironia é que os arrastados nem imaginam que, na verdade, operam uma estratégia alienativa eterna, a qual mói 99% da base operadora e finge sucesso a 1% restante que, em muitas das vezes, é exaltado para que se endosse o processo estratégico da formação da manada. Registre-se aqui que em raras exceções há o mérito individual, claro. Não se desabona alguns poucos que por sua índole conseguem intuir a farsa posta do sistema; até pertence a ela, mas faz questão de seguir, como sua índole ordena: com total transparência.

Por que a manada vai que vai? Fácil: os primeiros modelos, os papais e as mamães, da atual geração em formação educacional e cidadã observam em seu dia-a-dia tudo o que precisam e respostas desejadas pelos ouvidos. Lidam pouco com frustração, ganham muito sem previamente compreender o sinônimo de “valor” e se apaixonam pela felicidade mentirosa pregada pelos “exemplos arrastadores”, que assim o fazem sob o pretexto de uma “vida melhor” aos desdentes.

Vida melhor seria aquela que conduzisse cada um à cidadania global e não ao que os ascendentes não puderam – muitos por uma questão econômico-política da conjuntura em que viveram – fornecer à prole.

A gente cresce, sofre, se desafia e fica adulto demais para acreditar que exemplo arrasta, quando, na verdade, o que se quer é o bem comum, o acesso a todos e a grandeza da cidadania compartilhada a todo ser humano aqui presente. É pretensioso demais erguer esse clichê e ambicioso demais acreditar que quem o pronuncia efetivamente levará a manada toda a ficar no topo da pirâmide consigo. Uma mentira que vale milhão, ops, bilhões de dólares.

Não acredito em mudança do sistema e não sou obrigado a seguir o caminho dele, dizendo o que a maioria quer ouvir por não terem peito para encarar a realidade.

Felipe G. Escaleira

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